É seguramente algo mais do que ser um “nice guy"
Nuno Moreira da Cruz, na qualidade de diretor executivo do Center for Responsible Business & Leadership da CATÓLICA-LISBON, escreveu o artigo na revista Human Resources, no passado dia 27/05/2021:
O conceito de Purpose (Propósito) e a sua inclusão na estratégia e cultura das empresas tem vindo a ganhar muita relevância e gradualmente a converter-se em mainstream na agenda corporativa – não mais um “nice to have”, mas algo suscetível de criar uma vantagem competitiva. É comum atualmente artigos à volta da ideia de que “empresas orientadas para o propósito fazem a diferença nos mercados onde operam” ou “vários estudos têm demonstrado que as empresas orientadas para o propósito têm um melhor desempenho no mercado”. A relação causa/efeito entre organizações com propósito e resultados financeiros parece estar cada vez melhor estabelecida.
Neste contexto, gosto de definir o conceito de “liderança com propósito” como aquele que coloca as pessoas, clientes e outros stakeholders relevantes em primeiro lugar, alinhados através de um propósito partilhado, e onde o lucro surge como o resultado e não como objetivo. O “líder com propósito” tem claro que os objetivos de negócio se conseguem através das pessoas – não há outro caminho.
Tento ilustrar esta realidade de uma forma simples no gráfico abaixo. E aqui deixo as “legendas”: aquele líder (chefe…) que não tem preocupação com as pessoas (P) nem com os Objetivos de Negocio (ON), só se mantem no seu lugar porque alguém andará muito distraído na organização para permitir que esse personagem ainda resista (ou então quem está “acima” revela o mesmo perfil); aquele que se preocupa muito com as P e pouco com os ON é aquilo a que chamo um “nice guy”, muita empatia pessoal, mas que dificilmente resiste muito tempo numa organização, especialmente em mercados e industrias muito competitivas; aquele que se preocupa exclusivamente com ON e para quem as pessoas são descartáveis (utilizam-se enquanto são uteis e depois “se deixam cair”) criam ambientes duros de medo e stress e que a voragem do tempo condenará a uma morte lenta das relações e resultados; o verdadeiro Líder com Propósito parece ser aquele que se preocupa com ambos, sabendo que sem as pessoas não de atingem os ON, mas também tendo claro que, sem o cumprimento desses ON, a equipa, mais tarde ou mais cedo, vai acabar por pagar essa sua “desatenção”. Tudo se transforma num círculo virtuoso – com as Pessoas entregam-se os Objetivos e com estes cumpridos reforça-se a imagem e motivação das Pessoas.
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